Como comentei na última newsletter, eu utilizo algumas plataformas de organização que me ajudam a guardar escritos, insights, anotações de aulas e cursos, entre outras coisas que considero importantes. Estava navegando por essas plataformas e vendo que tipo de material eu tinha juntado ali, e percebi que muitos dos escritos que eu tinha guardado, tanto os que guardava como reflexão pessoal, tanto os que tinha com intenção de publicar em algum lugar tinham algo em comum: falavam sobre medo.
E o medo é algo que está sempre a espreita, esperando uma oportunidade para me atingir de alguma forma. E tem conseguido com regularidade durante a minha vida até então. É claro que ao longo do tempo, fui criando repertório para poder lidar com os momentos de paralisação, mas em determinadas situações não existem intervenções, protocolos, reflexões que façam com que ele deixe de sufocar. A vida tem dessas, mas como tudo, também passa. E sempre temos a possibilidade refletir sobre o que aconteceu e entender como isso está nos afetando. Posteriormente, podemos decidir o que fazer com tudo que nos aconteceu. Enfrentar o medo, esquivar-se, ou abraçá-lo, tudo depende de como nos capacitamos para isso.
O ponto central, e nesse momento eu trago uma citação de Jung que diz “Onde está o seu medo, está a sua tarefa”.
Jung foi um psicólogo extraordinário, e o admiro muito apesar de não seguir a sua escola (Frankl, seu miserável), e sua teoria me brilha os olhos e enriquece a forma como olho para a vida, para o outro. Essa frase entra em consonância com os grandes acontecimentos de sentido da minha vida, e faz com que eu enxergue o medo sempre como uma oportunidade de crescimento (nem sempre, as vezes é só medo mesmo).
E um grande exercício de autoconhecimento que tem acontecido é o de identificar quais são os meus medos e por que não estou indo atrás deles, enfrentá-los. Nesse sentido, muitas descobertas estão sendo feitas, e esses medos, ressignificados. Eu amo música, mas sempre tive medo de fazer aula; ansiedade de desempenho me impedia de sequer pensar na possibilidade. Ao pensar em cenários para que isso acontecesse, me senti seguro para dar o primeiro passo, e hoje estou desfrutando de algo que era impensável. Foi assim que conheci minha namorada, que me formei em Psicologia, que comecei a escrever essa newsletter, que passei por momentos de bloqueio. E ainda tem outros, que mesmo já tendo enfrentado outros medos, parecem inacessíveis, mas que em algum momento, dependendo do meu olhar, poderão ser contemplados, mesmo que ao s poucos.
Então digo que se você passa por momentos de bloqueio por causa do medo, tente identificar que medo é esse e o que está por trás dele. Às vezes, um caminho de sentido está para ser encontrado, mas ele tem que ser vislumbrado, e para isso o manto do medo tem que ser derrubado. Não é fácil, mas há formas, e estamos todos buscando formas de romper o medo desde sempre. E Jung disse um caminho, e também devo dizer, que concordo com ele, mas sempre atentos para o que é essencial. A essência é o caminho.